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Júri condena os quatro réus pelo incêndio da Boate Kiss

Foto: Reprodução

O júri do julgamento da Boate Kiss condenou, na tarde desta sexta-feira, os réus Elissandro Spohr, Mauro Hoffmann, Luciano Bonilha e Marcelo de Jesus dos Santos pelas mortes de 242 pessoas e ferimento de mais de 600 sobreviventes no incêndio da Boate Kiss, que ocorreu em 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria. Eles foram responsabilizados levando em consideração o dolo eventual. O juiz Orlando Faccini Neto anunciou as penas de cada um dos acusados após os jurados se reunirem na sala secreta. 

De acordo com a decisão do magistrado, o regime inicial será fechado. Porém, em razão do Habeas Corpus preventivo concedido pelo Tribunal de Justiça do Estado foi suspensa a prisão imediata dos acusados nesta sexta-feira.

A decisão, favorável ao advogado Jader Marques, defensor de Elissandro Spohr, que recebeu a maior pena entre os quatro, se aplica a todos. O Ministério Público e a defesa podem recorrer da sentença dada nesta sexta-feira.

Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann eram sócios da casa noturna na época da tragédia. Marcelo de Jesus dos Santos era vocalista da Banda Gurizada Fandangueira e Luciano Bonilha Leão, o auxiliar do grupo musical que se apresentava na boate na noite do incêndio. 

Sentenças: 

Elissandro Callegaro Spohr, ex-sócio: 22 anos e 6 meses
Mauro Lodeiro Hoffmann, ex-sócio: 19 anos e seis meses
Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista: 18 anos
Luciano Augusto Bonilha Leão, produtor: 18 anos

Leitura da sentença 

Antes de iniciar a leitura da sentença, o magistrado disse que não a leria inteira, pois achou desnecessária. Ele falou sobre os dez dias de julgamento e elogiou a postura dos jurados e agradeceu a contribuição deles no processo. "Impossível agradecer o envolvimento que tiveram, o comprometimento com esse dever cívico que, entretanto, ficaram longe de suas famílias e não recebem nada por isso. Com uma pressão significativa dada a importância de tudo", disse. Aos familiares, ele disse que não ia dedicar palavras, mas o seu trabalho de juiz. 

De acordo com magistrado, a culpabilidade dos réus é elevada. "Quem, em um momento altruísta, por um minuto apenas, buscar colocar-se no ambiente dos fatos haverá de imaginar o desespero, a dor, o padecimento das pessoas que na luta pela sua sobrevivência, todavia, havia falta de ar, gritos e escuridão, em termos tão singulares que não seria demasiado qualificar tudo o que ali foi experimentado a modo como é assentado na literatura: o horror", refletiu.   

O magistrado ainda mencionou sobre a presença de "pais e mães que compareceram em audiências nos plenários, chorando a morte de seus filhos". "Isso nunca pode ser naturalizado e, mais do que isso, parece potencializado quando a experiência da morte deixa de ser algo individual para se constituir em uma dimensão coletiva. Foram mais de 240 mortes e a expressividade do número de vítimas não se arrefece ou divide as dores ou tragédias pessoais, se multiplica", disse.  

Durante a leitura, os familiares das vítimas e sobreviventes da tragédia presentes no plenário ouviram a sentença de mãos dadas, em forma de corrente. Muitos estavam emocionados e choravam. Segundo o presidente associação de vítimas da boate Kiss, Flávio Silva, a condenação dos réus "foi uma conquista da sociedade." Em Santa Maria, também houve comoção com o anúncio da condenação dos réus. 

Desfecho após oito anos e 10 meses 

Uma espera de oito anos e 10 meses chegou ao fim nesta sexta. Foram dez dias de julgamento no caso da Boate Kiss, com sessões marcadas pela emoção, por relatos de desespero e até de superação. O júri, realizado no Foro Central de Porto Alegre, também foi acompanhado atentamente por Santa Maria, lugar da tragédia. Na cidade, tendas foram montadas para abrigar familiares e amigos das vítimas que não conseguiram fazer a viagem até a Capital. Inicialmente, os locais ficaram restritos a pessoas próximas de quem perdeu a vida na boate, mas depois, com o passar dos dias, eles foram abertos para toda a população do município.

Fonte: Correio do Povo | Fotos: Reprodução 

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